Embora de ser árvore se arvore,
Muito falta para que assim seja,
Falta-lhe o fruto, maçã ou cereja,
E que do peito se lhe arranque o core.
E que os pés não tenham movimento,
Fundo na terra sempre enterrados,
Nem a gênese dos antepassados,
Nem a consciência do sofrimento.
Ser árvore é aceitar que um bronco,
Por maldade e sem qualquer motivo
Com um machado lhe decepe o tronco,
E doar a parte já decepada
Para leva-lo à última morada
Sem que isto julgue ser abusivo.