eu tenho um rio que brota de dentro
e traz à tona o que foi sedimentar
tenho margens estreitas, correnteza furiosa
sem escolhas, apenas desaguar
invado e erodo, aliso cascalhos
até escorregar no limo do verbo
eu tenho um rio que leva as paredes
que se erguem em meio ao lixão da poesia
e soterra a palavra viva
eu tenho um rio de inundadas faces
e chovo poemas de sangue
eu tenho um Rio de Janeiro no peito estiado
e expio a falta da lembrança do teu rosto
e traz à tona o que foi sedimentar
tenho margens estreitas, correnteza furiosa
sem escolhas, apenas desaguar
invado e erodo, aliso cascalhos
até escorregar no limo do verbo
eu tenho um rio que leva as paredes
que se erguem em meio ao lixão da poesia
e soterra a palavra viva
eu tenho um rio de inundadas faces
e chovo poemas de sangue
eu tenho um Rio de Janeiro no peito estiado
e expio a falta da lembrança do teu rosto