quarta-feira, 22 de agosto de 2018

"só", de Ligia Tomarchio




Nos escombros de minh'alma
a resgatar lembranças soterradas
assombro-me com a nitidez daquela imagem
qual miragem no deserto de mim.

Cansada de caminhar sem rumo
nos pesadelos de minha vida
aborto toda dor contida.

Não é feito de pedra meu coração!
Sentimentos avassaladores transbordam
na taça de vinho tinto que bebo
no cigarro que acabo de tragar
sentada à mesa d'um bar.

As paredes amarelas desespero
espelham a rudeza do momento...
Só, estou só e lamento
sob um céu escuro sem luar ou estrelas...

Outros também aqui estão
olhares perdidos, lentos movimentos...
A fumaça esconde minha verdade
distorce minha aparência e dos outros...

E nela sempre me escondo...
Deixo o pranto livre
o riso preso
o corpo teso
a fantasia solta.