domingo, 12 de agosto de 2018

"esquinas", de Suely Andrade




Minhas esquinas cansaram
de dobrar em ruas ermas,
onde o vento assobiava
subitamente, apagando as lamparinas.

Minhas esquinas aportam agora
em ruas assanhadas
de carros, de passantes, de pedintes.
São ruas enfermas,
nas quais não se veem requintes,
nem árvores plantadas.

Minhas esquinas procuram ruas libertas
de causas abandonadas.
Ruas amenas, cobertas
de ladrilhos
ou de areia apenas,
mas onde os andarilhos
caminhem rumo a suas moradas.

Minhas esquinas
seguem a caminhada por ruas desertas e desabitadas,
rumo aos dias seguintes.