fizeram-me ir
eu que ainda não pulei
meu primeiro abismo
são tantas as vezes que sonho
que a ideia de infinito
me faz parecer que as pernas
não voltam mais depois do salto
sempre que desperto
percebo que se refaz novamente
a realidade matinal
é preciso que o ar
saia dos pulmões e se misture
ao orvalho da relva
para se refazer nas fendas distantes
cortaram-me as asas
mas ainda sei voar