sábado, 18 de agosto de 2018

"homem remoto", de Marcos Prado




a televisão carcomeu meu cérebro
assim como a vodca em outro episódio
por ela, espelho, virei vídeo
com ódio e áudio de mim mesmo

minha imagem paralisada, em foco
não tem controle pelo controle remoto
(só o bar Peixoto me faz sair da cama
curitibano tomando pinga com mel em copacabana)

vejo a tv como ela vê a mim, desconhecidos
enfim, como se vêem os íntimos antigos amigos
que não se falam, não se encontram e, sem pressa,
esperam, preferência, a ausência de si como festa