quatro, ponto, zero
e já desisti
até de não desistir
de tudo q'uinda
espero
não, meu caro espelho
a vida não começa aqui
como pregam os otimísticos
e, sim, como cantam as dores
às falhas do sistema límbico
aqui, o céu encontra seu desfazer
na certeza de uma absoluta
incompatibilidade com o mundo
: não sei mais viver
e esta é a luta
vejo meu filhinho
que agora já é um filhão
vejo que não o levo mais pela mão
e um abismo profundo
encerra meu caminho
um pai, o único ser
que realmente fui
pois não me via mais sozinho
ao, finalmente, me ver
em outro alguém, em outra vida
e descobri, que tal visão
de como eu poderia ter sido
poderia até mudar o que teria vivido
no entanto, eu, ainda eu, sempre seria
noites afora, buscando alguma luz do dia
ou aos abraços com a misantropia
à percussão do meu peito
orgulhoso e adolescêntrico
com saudades de sonhos que não sonhei
aos pés de pesadelos que cultivei
todavia, pelas raízes deles, preso
um pensamento surgiu, ileso
tomou a forma de um verso
depois de um não! e logo vi
eu, mesmo, e a perdida razão
vitimada pelo ilusionismo
pelos ismos das letras
e, realidade traduzida
decidi, que a tal coisa que tenho com a poesia
precisa ser, agora, rompida
quatro, ponto, zero
e abro os olhos
: enfim, estou com a palavra
e ela é apenas minha
assim como todo o horizonte nesta última linha
Não se perca nas horas.
Viva!
Pois o agora é tudo o que tens.
Esqueça aquelas futuras portas,
Porque delas, sem querer,
um dia te tornarás refém.
Viva o tempo no seu presente,
Não se importando para o que vem
E o que já se foi.
Fazendo isso,
Do agora se tornará ausente,
Pensando no acontecido
E no caminho incerto de depois.
"O futuro a Deus pertence!",
É o que todo mundo sempre nos diz.
Cuida então da vida
– o seu maior presente,
Pois do amanhã
Só quem sabe é o nosso juiz.
Portanto, faça-se, viva-se,
Sinta-se agora!
O mundo a todo instante
É aquele que nos diz:
"Vamos, quem sabe faz a hora!"
Viva o agora!
Viva! Viva!
Ouça!
Sinta!
Carpe Diem!
As horas...
Aroma na xícara fumegante.
A vida, longe, passa.
Pensamento vagamundo à janela.
Por dentro, queima uma fogueira.
Por baixo do véu, dor e cegueira.
O instante arde na tez.
Os dias são demônios pacatos.
Os atos no tempo, Os anos, os fatos,
O contínuo surumbamba,
A falta de ar,
Os pés algemados.
A ousadia no salto.
A vida é ribanceira.
A morte... Nova fonte?
O que pode ser barreira
Também pode ser ponte.
passei por uma ruazinha
um beco
na esquina, um barzinho
música ruim
que achei boa
a estrela fria e brilhante
olhando a solidão
daqueles bêbados
à toa
e me deu uma vontade
assim
de ali me sentar
e ficar
pensando em você
e pensando
que você
pensa em mim
Desasada, quedo-me
no chão abissal
da desilusão
Veneno ou remédio
da taça servida
eivam meu desdém...
Dou de ombros
rasgo
a veste outonal
me desnudo e assim
verto em hipotética
dança espectral
para o céu me guio...
Neste rodopio
que me enfeitiça
me solto da pinça
escavo o suspense
acordo a suspeita
dormente em seus olhos
reinante às espensas
de minha agonia
Assalto o seu riso
roubo a cena após
atada por nós
indeléveis, vãos
reino à revelia.
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Curitiba
cansei de você
das tuas ruas de petit-pavê
das tuas memórias mal quistas
das tuas cinzas vistas
Curitiba
você perdeu a mão comigo
agora te vejo apenas como abrigo
há tempos não é mais lar
a cada dia é mais difícil me enganar
Curitiba
está na hora de darmos um tempo
talvez vá embora pra Recife
passe um tempo em Florianópolis
talvez eu não volte nunca mais
Curitiba
o problema
é que eu te gosto demais.
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Pois se foi de dor
Todo o peso teu
Por que tenho eu
De suportar o torpor
E levar no peito ateu
A cruz?
Nos descrucifico
No ponto cego
Desse curso fixo
Escolha nossa
De seguir a luz
Adentrar de vez
Ao túnel sem fim
E esperar pelo sim
Do eterno não
Que nos conduz